terça-feira, 12 de abril de 2011

O ISLÃ: 1.300 ANOS DE HISTÓRIA

A Península Arábica antes do islamismo


A geografi a da Ásia possui três grandes penínsulas: a Indochina, a Índia e a
Arábia. A Península Arábica, localizada no sudoeste asiático, é o centro de confl
uência de três continentes. É uma unidade geográfi ca na forma de um trapézio,
com cerca de 2.590.000 km2, e, atualmente, está dividida nos seguintes Estados:
Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar, Kuwait, Omã e Iêmen.
Limita-se ao norte com a Jordânia e o Iraque, a leste com os golfos Pérsico e de
Omã, ao sul com o Mar da Arábia (Oceano Índico) e a oeste com o Mar Vermelho.
O território, que foi denominado pelos historiadores de Região Pré-Islâmica, situa-
se numa área desértica, e suas características
impediram o desenvolvimento da
agricultura; por conta disso, a população
que povoou essa região do século II ao
VI dedicou-se, quase exclusivamente, ao
pastoreio. É importante salientar que, durante
todo esse período não houve nesse
lugar um poder político centralizado,
originado na região, que, sob o Império
Romano, na época de Trajano, foi dividida
em três grandes grupos: a Arábia Pétrea, a
Arábia Desértica e a Arábia Feliz.
• A Arábia Pétrea foi assim denominada por causa de suas características geológicas:
situada ao norte, era uma região muito escarpada, com inúmeras colinas
rochosas e muitos desfi ladeiros. Todas as caravanas vindas do sul em
direção ao Mar Mediterrâneo passavam por essa região, que, nos relatos dos
viajantes e exploradores, muitas vezes era tratada como muito perigosa, em
razão de suas difi culdades naturais.
• A Arábia Desértica correspondia à parte da região habitada por tribos de
nômades denominados beduínos. Esses grupos, dedicados ao pastoreio, reuniam-
se em torno de poços e oásis e, por conta de muitas disputas, nas quais
guerreavam entre si e contra os impérios Romano e Persa, eram tidos como
belicosos. Eram politeístas e costumavam guardar objetos de adoração de seus
deuses em Meca. Cada tribo adorava seus ancestrais com imagens. O deus
principal era Alá, simbolizado pela “pedra negra”, que, segundo eles, havia
sido enviada dos céus. Seu principal elemento de sobrevivência era o camelo,
animal do qual retiravam seu alimento (leite e carne) e vestimentas (feitas
com o pelo).
PAZ - Book AF.indb 25 01.06.09 15:01:52
SOLUÇÃO PARA A PAZ
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• A Arábia Feliz (em latim, Arabia Felix) era um território da Ásia que correspondia aos
atuais Iêmen e Omã, formada por tribos sedentárias cujas principais atividades econômicas
eram a agrícola e a mercantil, nas regiões litorâneas da Península Arábica. Na
Antiguidade, a Arábia Feliz se diferenciou como grande exportadora de mirra. A água
nessa região, ao contrário das outras duas, não era escassa, tendo sido muito aproveitada
no cultivo dos campos.
A unifi cação política – Mohamed (570-632)
Mohamed (Maomé) nasceu em Meca, parte de uma linhagem pobre da tribo coraixita,
e dele surgiu uma nova religião, o islamismo, que garantiu a unidade política à Arábia. Mohamed
era órfão e foi criado por um avô e um tio. Aos 20 anos, quando começou sua vida
de pastor, empregou-se na caravana de uma rica viúva chamada Kadidja. Mais tarde ela se
tornaria sua esposa. Durante suas caravanas, conheceu as duas grandes religiões monoteístas
da época – o judaísmo e o cristianismo –, das quais retirou elementos para fundar uma nova
religião monoteísta.
O islamismo acredita que, depois de um período de isolamento no deserto, Mohamed
recebeu mensagens de Deus, por intermédio do Arcanjo Gabriel. Nessas mensagens, Deus
desaprovava o politeísmo idólatra, fonte de disputas entre os árabes, e defendia o monoteísmo
instituído na submissão a Alá e na leitura rigorosa do Corão, livro sagrado dos muçulmanos.
Por conta de confl itos econômicos, os coraixitas de Meca receavam que a nova
religião reduzisse as inúmeras peregrinações à Caaba, prejudicando assim seus negócios.
Mohamed sofreu ameaças e acabou expulso de Meca em 622 (essa data é considerada muito
importante para os muçulmanos e demarca o início do calendário islâmico), dirigindo-se
para a cidade de Yatreb, episódio conhecido como Hégira (fuga).
Rapidamente Mohamed atraiu uma legião de adeptos que, em 630, conquistou Meca.
Surgia a religião monoteísta imposta pelos adeptos de Mohamed, elemento determinante
para a unifi cação política da região. É importante salientar: Mohamed, além de chefe religioso,
também era chefe político dos árabes. Em 632, com a morte de Mohamed, os califas
seguidores do profeta passaram a governar em seu lugar.




A expansão do islamismo


No fi nal do século VII, motivada por seu enorme crescimento demográfi co, a população
islâmica utilizou como justifi cativa para a expansão territorial um preceito religioso: para
eles, todo seguidor de Mohamed deveria agir como um guerreiro encarregado de levar a fé a
todos os “infi éis” (o que recebeu o nome de jihad). Comandados pelos califas, os seguidores
dessa religião expandiram seus locais de domínio por vastas áreas do Mediterrâneo, até serem
detidos na Europa por Carlos Martel, do reino franco, em 732. Durante quase mil anos
controlaram a navegação e o comércio no Mediterrâneo, bloqueando o acesso dos europeus
ao comércio com o Oriente. Em meados do século VIII, o Império Islâmico começou a dar
os primeiros sinais de decadência. Isso se deveu a vários fatores: primeiro, porque as diversas
dinastias muçulmanas brigavam pelo poder dos califados, e, quando a dinastia principal,
a Omíada, responsável pelo apogeu expansionista, foi substituída pela dinastia dos Abássidas,
o Império foi totalmente fragmentado, em califados independentes. Houve também o grande movimento das Cruzadas, ciclo de lutas religiosas e econômicas, iniciado no século
X pelos cristãos, que tentava derrotar os muçulmanos, o que contribuiu para fragilizar o
Império. Por fi m, os turco-otomanos, recém-convertidos ao islamismo, guerrearam com os
árabes pelo domínio político e econômico da região mediterrânea.

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